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COVID-19 -

As medidas de distanciamento social com que todos nos familiarizámos graças à COVID-19, como ficar em casa sempre que possível, não são novidade.

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Século XVI -

Na verdade, elas datam do o século XVI, quando um médico em Itália implementou medidas surpreendentemente semelhantes para conter um surto da peste.

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Peste de Alghero -

A praga chegou a Alghero, na Sardenha, em novembro de 1582, e os historiadores acreditam que foi trazida por um marinheiro que tinha chegado de Marselha, em França, onde a peste já estava em alta.

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Doença mortal -

Poucos dias depois de chegar a Alghero, o marinheiro que trouxera a doença com ele estava morto, e grande parte da população da cidade estava condenada a sofrer o mesmo destino.

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Doença mortal -

As estimativas sobre o grau de mortalidade do surto em Alghero variam muito. Um historiador do século XVIII estimou a contagem de mortos em 6000 e a de sobreviventes em 150.

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Doença mortal -

Na verdade, agora acredita-se que a doença matou 60% da população da cidade. De qualquer forma, a taxa de mortalidade foi extraordinária e exigiu a abertura de valas comuns.

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Já tinha ocorrido antes, e de forma devastadora -

Quando chegou o século XVI, a praga já não era novidade. Já existia há séculos, destruindo famílias e causando uma devastação geral.

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A Peste Negra -

O pior episódio documentado da peste foi a Peste Negra, que atingiu a Europa e a Ásia e causou a morte de cerca de 50 a 75 milhões de pessoas, dizimando entre um terço a metade da população europeia entre 1347 e 1351. Nas áreas mais afetadas, morreram quatro em cada cinco pessoas.

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Pestes de Paris -

Nunca houve um surto de peste tão terrível novamente, mas voltou a aparecer regularmente nos séculos seguintes. Em Paris, por exemplo, surgiu um em cada três anos até 1670.

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Praga de Alghero -

De volta ao surto de 1582 em Alghero, Sardenha. Apesar da devastação que a chegada da doença causou, os historiadores acreditam que as coisas poderiam ter sido muito piores.

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Quinto Tiberio Angelerio -

Pensa-se que o surto foi contido com relativo sucesso graças às medidas introduzidas por um médico presciente, Quinto Tiberio Angelerio (1532–1617).

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Médico da Sicília -

O próprio médico tinha vindo da Sicília, onde havia ocorrido uma epidemia de peste em 1575. Quando o marinheiro chegou a Alghero com os sintomas da peste e depois morreram duas mulheres com sintomas, o médico sabia o que fazer.

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Cordões sanitários -

Sem permissão para colocar os seus pacientes de quarentena, ele montou um triplo cordão sanitário ao redor da cidade, impedindo assim o comércio com pessoas de fora.

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Mudança de opiniões -

Inicialmente, as medidas que ele introduziu foram extremamente impopulares entre o povo de Alghero, mas à medida que a situação piorava, as pessoas ficaram convencidas e ele foi encarregado de conter o surto.

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Folheto médico -

No folheto que publicou anos depois, Ectypa Pestilentis Status Algheriae Sardiniae, o Dr. Angelerio descreveu as 57 medidas que introduziu para conter a praga de Alghero.

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Ficar em casa -

Em primeiro lugar, as pessoas foram aconselhadas a ficarem em casa e enviar apenas um membro da família para fazer as compras. Reuniões, danças e entretenimento foram proibidos.

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Confinamento de Florença -

Essas medidas de confinamento não eram exclusivas de Alghero; de acordo com um historiador de Birkbeck, Universidade de Londres, a cidade de Florença, por exemplo, impôs um confinamento em 1631.

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Transgressores -

O mesmo historiador encontrou 550 casos de pessoas que foram processadas por desrespeitarem os regulamentos de confinamento entre o verão de 1630 e o verão de 1631.

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Soa familiar? -

Algumas transgressões eram menores e não premeditadas, enquanto outras eram mais graves. Havia relatos de pessoas a subir pelos telhados das casas para encontrar amigos.

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Regra dos dois metros -

Depois, havia a "regra dos dois metros", segundo a qual qualquer pessoa que tivesse permissão para sair de casa tinha de o fazer com uma bengala de cerca de dois metros. Era obrigatório que as pessoas mantivessem essa distância entre si.

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Paralelos -

Tanto quanto sabem os historiadores, esse tipo de regulamentação não surgiu em nenhum outro lugar na História. E no entanto, o surto de COVID-19 levou à introdução de uma regra muito semelhante em vários países do mundo.

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Paralelos -

Em países onde tal regra foi introduzida, a distância física recomendada a ser mantida era de dois metros, embora em alguns lugares tenha sido reduzida para 1 ou 1,5 metros.

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Lavar objetos -

Outro conselho do Dr. Angelerio ao povo de Alghero foi lavar os objetos de casa. Ele viveu numa época em que os cientistas estavam a começar a perceber melhor sobre como as doenças se propagam.

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Progresso científico -

Enquanto até por volta de 1500 se acreditava que as doenças eram transmitidas devido a "mau ar", no século XVI as pessoas começaram a perceber que era possível adoecer tocando num objeto contaminado.

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Objetos domésticos -

Angelerio aconselhou as pessoas a desinfetarem e ventilarem as suas casas, entre outras medidas. Até disse que os objetos sem valor deveriam ser queimados.

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Semelhanças -

Também era prática comum lavar os produtos, em particular os têxteis que saíam dos navios, à medida que chegavam a casa. A semelhança com a prática da COVID-19 do "lave as suas compras" é clara.

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Vistos de saúde -

Embora não tenha funcionado para Alghero, o conceito de passaporte de saúde também data de há centenas de anos. Há muito tempo que é prática comum verificar o estado de saúde das pessoas que desejam entrar numa cidade.

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CommonPass -

Às vezes, as autoridades emitiam documentos para mostrar que um determinado viajante estava livre de peste. O paralelo aqui com o CommonPass, o documento digital que contém o registo de COVID-19 de uma pessoa, é claro.

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Outras semelhanças -

A lista de semelhanças entre as medidas do Dr. Angelerio e as diretrizes da COVID-19 não para por aqui. O conceito de quarentena para pessoas infetadas e a atribuição de empregos de alto risco aos sobreviventes também estava presente no seu folheto.

Fontes: (BBC)

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