Os especialistas dizem que a nossa "cultura do auricular", em que as pessoas passam longos períodos de tempo a ouvirem música bem alto produzirá gerações de surdos prematuros.
Em geral, as pessoas ficam a ouvir durante muito tempo e num volume muito alto. Os especialistas dizem que só deve ouvir 90 minutos por dia a 80% do volume.
No entanto, diferentes dispositivos móveis, músicas e auscultadores produzem uma variedade de saídas de volume, tornando a situação mais complicada.
Embora o indivíduo tenha a responsabilidade de manter o volume baixo, a indústria global de auscultadores, que movimentou mais de 25 mil milhões de dólares em 2019, também tem responsabilidade.
O preço que paga por um par de auscultadores ou auriculares não está necessariamente relacionado com o seu grau de segurança para os ouvidos. Tudo se resume à saída de volume.
Um bom princípio é que se conseguir ouvir som vindo dos seus auriculares quando não estão nos ouvidos, o volume está muito alto.
A Organização Mundial da Saúde estima que mais de mil milhões de jovens correm hoje o risco de perder a audição.
Um estudo realizado em 2017 pelos Laboratórios Nacionais de Acústica da Austrália estimou que um em cada 10 australianos aumenta regularmente o volume acima dos 85 decibéis.
O professor David McAlpine, da Macquarie University em Sydney, Austrália, diz que a perda auditiva é um processo irreversível. Se não proteger a sua audição, esta vai piorar cada vez mais.
Estima-se que um em cada seis australianos sofrerá perda auditiva durante a vida. Em 2050, estima-se que esse número seja um em cada quatro.
O Dr. Sreekant Cherukuri, um otorrinolaringologista americano, estima que a perda auditiva entre os adolescentes de hoje é cerca de 30% maior do que nas décadas de 1980 e 1990.
Nicole Raia, uma audióloga clínica no University Hospital em Newark, New Jersey, diz que tem visto mais jovens com zunido nos ouvidos.
As gerações recentes são as primeiras a terem acesso a auscultadores desde muito jovens, embora os especialistas achem que é muito cedo para dizer que efeito isso terá na sua audição ao longo da vida.
O professor McAlpine diz que temos de tratar a audição como a dieta. Não devemos expor-nos a longos períodos de ruído, assim como não devemos expor o nosso corpo a demasiado álcool.
O professor McAlpine diz: "Precisa de fazer uma dieta do ruído. Se for a um concerto com música alta, não passe o dia inteiro também a ouvir música nos fones."
Geralmente, quanto mais alta a música, melhor pensamos que é. Isso fez com que a indústria musical aumentasse o volume das canções. A música e a tecnologia que a fornece estão a ficar mais altas, mas os nossos ouvidos e audição continuam os mesmos.
A "guerra do volume" é o nome dado à tendência de aumento do volume da música, que vem a ocorrer desde os anos 40. A digitalização da música tornou isso ilimitado. As editoras e aqueles que lucram na indústria da música lucraram fazendo as músicas mais altas e, portanto, vendendo mais.
De acordo com a OMS, não há uniformidade na implementação de padrões de escuta segura em todo o mundo.
A informação e os avisos disponíveis nos interfaces e websites dos diferentes fabricantes de dispositivos áudio variam.
Isso significa que não existe um padrão. Alguns fones são mais altos do que outros. Alguns dispositivos reproduzem música mais alto do que outros.
É uma armadilha para o ouvinte, que liga um novo par de fones e aumenta o volume para o nível normal. Vai pensar que são fones excelentes, mas são apenas mais altos e podem ser tão altos que podem prejudicar a audição.
Em geral, fones mais silenciosos não satisfazem os consumidores e, portanto, não vendem tanto.
Há um incentivo para as empresas fazerem fones capazes de produzir níveis de som perigosamente altos, porque fones mais altos são "melhores".
O mesmo vale para dispositivos. No entanto, é menos relevante para os dispositivos, pois os consumidores não escolhem os telemóveis (que são o principal reprodutor de música hoje) de acordo com as suas características de reprodução de som.
Certos telefones avisam o utilizador antes de o volume chegar acima de um nível que prejudique a audição, e outros telefones dão esse aviso apenas depois.
Dito isto, pode proteger a sua audição mantendo o volume num nível seguro, sem ouvir durante muito tempo, e também usando proteção auditiva quando estiver em concertos ou próximo de máquinas pesadas.
No entanto, as pessoas geralmente não são informadas sobre a saúde auditiva, de modo que permanece o argumento de que a maior parte da responsabilidade recai sobre a indústria. Os dispositivos devem sugerir práticas de escuta seguras, permitir que os utilizadores revejam os seus hábitos de escuta e computar tempos de escuta seguros, para dar alguns exemplos.
Um dispositivo deve recomendar que um utilizador ouça apenas o que está a ouvir durante um determinado período de tempo para evitar perda de audição. Por exemplo, se um utilizador estiver a ouvir 100 decibéis de som, deve ser informado após um curto período de tempo que isso pode prejudicar permanentemente a sua audição após uma hora.
Fontes: (ABC News) (NBC News)(WHO/ITU)
Os dispositivos de áudio portáteis não existem há muito tempo. Afinal, o Walkman da Sony só apareceu em 1979. Mas o volume que ele poderia produzir não estava nem perto do que pode ser produzido na maioria dos telemóveis de hoje. Na verdade, a música tem ficado cada vez mais alta desde os anos 40, mas a anatomia do ouvido humano permanece a mesma e é ser facilmente danificada.
Há uma falta de padrões globais quanto ao que os fabricantes de dispositivos de reprodução de áudio e auriculares podem fazer nos seus produtos. Consequentemente, esses fatores estão a resultar num grande aumento de danos auditivos prematuros em todo o mundo.
Para explorar o que está a acontecer, como pode proteger a sua audição e como as grandes empresas de tecnologia e autoridades governamentais são as culpadas, clique nesta galeria.
Os seus auscultadores estarão a deixá-lo surdo?
Pare de aumentar constantemente o volume
SAÚDE Audição
Os dispositivos de áudio portáteis não existem há muito tempo. Afinal, o Walkman da Sony só apareceu em 1979. Mas o volume que ele poderia produzir não estava nem perto do que pode ser produzido na maioria dos telemóveis de hoje. Na verdade, a música tem ficado cada vez mais alta desde os anos 40, mas a anatomia do ouvido humano permanece a mesma e é ser facilmente danificada.
Há uma falta de padrões globais quanto ao que os fabricantes de dispositivos de reprodução de áudio e auriculares podem fazer nos seus produtos. Consequentemente, esses fatores estão a resultar num grande aumento de danos auditivos prematuros em todo o mundo.
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