Não é nenhum grande segredo que as crianças são melhores a aprender novas competências do que os adultos. Os jovens parecem começar um novo passatempo e progredir a uma velocidade com a qual os adultos só podem sonhar.
Isso acontece porque as crianças são melhores a captar padrões implicitamente, ou seja, entender que uma ação terá certas consequências sem entender o que está realmente a acontecer.
Depois dos 12 anos, a nossa capacidade de absorver novas informações começa a diminuir. No entanto, nem tudo está perdido para as pessoas que desejam aprender uma nova competência após a tenra idade dos 12 anos.
De facto, o nosso cérebro retém a “neuroplasticidade”, que é o que permite que o cérebro se reconecte em resposta a novos desafios, até à idade adulta.
Em janeiro de 2021, o jornalista americano Tom Vanderbilt publicou o seu livro Beginners, no qual explica como aprender efetivamente na idade adulta.
O livro combina a ciência da aquisição de competências com algumas coisas que Vanderbilt aprendeu durante um ano que passou dedicando-se a uma série de novas competências, como canto, malabarismo e surf.
A primeira e talvez a mais importante lição do livro é adotar uma "mentalidade de iniciante". Se deseja desenvolver uma nova habilidade enquanto adulto, não faz sentido tentar atingir a perfeição.
É muito mais importante (e eficaz) simplesmente começar e perceber que há prazer no próprio processo de aprendizagem; nem sempre é necessário haver um objetivo.
Essa é, de facto, a atitude que a maioria das crianças assume em relação à aprendizagem; a questão é que, em adultos, ficamos preocupados em atingir metas e objetivos.
Outro bom princípio de aprendizagem é aprender com os nossos erros. Isso pode parecer óbvio, mas muitas vezes esquecemos a importância de analisar as nossas ações.
É tentador, ao praticar uma determinada competência, simplesmente repeti-la indefinidamente, sem analisar adequadamente após cada repetição o que está certo e o que está errado.
Também deve tentar certificar-se de que a sua prática é variada. Isso talvez seja menos intuitivo do que a prática deliberada, mas não deixa de ser uma dica importante que Vanderbilt enfatizou.
No seu livro, Vanderbilt fala sobre quando estava a aprender a fazer malabarismo. Em vez de fazer malabarismo no mesmo lugar com as mesmas bolas, ele variava.
Ele descobriu que ajudava no processo de aprendizagem trocar os objetos e mudar a altura em que os atirava. Também experimentou sentado e a caminhar.
Segundo um cientista, essa prática de “repetição sem repetição” ajuda o cérebro a tornar-se mais flexível e a ser capaz de lidar com situações imprevisíveis.
Curiosamente, também parece que aprendemos melhor quando sabemos que seremos obrigados a ensinar outras pessoas. A razão para esse fenómeno documentado não é clara.
Pode ser que a expectativa de ter de ensinar os outros aumente a nossa curiosidade, preparando o cérebro para prestar mais atenção e estabelecer traços de memória mais fortes.
Por isso, da próxima vez que aprender algo novo, porque não imaginar-se a ensiná-lo a outra pessoa? Pode muito bem descobrir que aprende mais facilmente dessa maneira.
Observar os outros a executar a mesma atividade que está a tentar aprender também é útil. Mas, de acordo com Vanderbilt, não deve limitar-se a observar apenas especialistas.
Vanderbilt descobriu que também pode ser útil observar outros amadores, porque pode observar o que estão a fazer certo e o que estão a fazer errado.
Outra dica prática é escolher uma nova competência que seja fácil de integrar no seu estilo de vida atual. Isso ajudá-lo(a)-á a evitar que se prenda à ideia de que aprender é um grande investimento de tempo.
Vanderbilt descobriu, por exemplo, que era capaz de melhorar o seu desenho no tempo que normalmente demoraria a ver uma série.
A esta altura, poderá estar a perguntar-se, "mas para quê preocupar-me?" Pode parecer desnecessário ou mesmo uma perda de tempo gastar tempo a aprender uma nova competência quando já sabe naquilo em que se é bom.
No entanto, a investigação mostra que existem vários benefícios em aprender uma nova competência em adulto. Por exemplo, para retardar parte do declínio mental que vem naturalmente com a idade.
Num estudo, um grupo de adultos com idade entre 58 e 86 anos participou em cursos sobre vários assuntos. Depois de alguns meses, tinham progredido nessas competências, mas também melhoraram nos testes cognitivos gerais.
Na verdade, quando se tratava de testes cognitivos gerais, o grupo de adultos igualou o desempenho de um grupo de adultos 30 anos mais jovens do que eles.
Vanderbilt sugere no seu livro que é melhor praticar várias coisas, em vez de se concentrar numa em particular. Na verdade, isso pode até aumentar a sua criatividade.
No seu livro Versátil, As vantagens de ser generalista num mundo de especialistas, David Epstein observou que os vencedores do Prémio Nobel são mais propensos a procurar interesses artísticos do que outros cientistas.
Mesmo a frustração associada à aprendizagem de uma nova competência pode ser benéfica. A investigação sugere que a capacidade de reconhecer os limites do nosso conhecimento é importante quando se trata de pensar e tomar decisões.
Fontes: (BBC)
Isso é o que os psicólogos chamam de “prática deliberada”. Sem ela, a prática corre o risco de se tornar inútil.
As crianças são ótimas a aprender novas competências, é verdade. Os seus cérebros estão simplesmente mais bem programados para captarem novos padrões e aprendem com uma facilidade que não é natural para pessoas mais velhas. Mas ainda há esperança para quem quer aprender algo novo um pouco mais tarde na vida; a nossa capacidade de aprender como adultos é muito maior do que se poderia esperar.
Veja nesta galeria algumas dicas sobre como aprender com eficácia em qualquer idade.
Como aprender eficazmente em qualquer idade
Porque as novas competências não são apenas para as crianças
LIFESTYLE Aprendizagem de adultos
As crianças são ótimas a aprender novas competências, é verdade. Os seus cérebros estão simplesmente mais bem programados para captarem novos padrões e aprendem com uma facilidade que não é natural para pessoas mais velhas. Mas ainda há esperança para quem quer aprender algo novo um pouco mais tarde na vida; a nossa capacidade de aprender como adultos é muito maior do que se poderia esperar.
Veja nesta galeria algumas dicas sobre como aprender com eficácia em qualquer idade.