Kamala Harris nasceu em Oakland, Califórnia, filha de um economista e professor jamaicano e de uma bióloga indiana que se mudou para os Estados Unidos e se tornou uma das investigadoras de cancro mais respeitadas do país. Os seus pais divorciaram-se quando ela tinha cinco anos e ela e a sua irmã foram criadas principalmente pela mãe.
A mãe quis educá-la para ser uma mulher negra forte, e a educação birracial de Harris significa que ela incorpora muitas identidades americanas. As pessoas veem nela a história inspiradora de uma imigrante. Ela, no entanto, sempre se considerou simplesmente "americana".
Em 2014, Harris casou-se com o advogado Doug Emhoff e tornou-se madrasta dos seus dois filhos, que decidiram chamá-la de "Momala" em vez de madrasta, como Harris explicou num artigo para a revista Elle. Isso cimentou a sua imagem como a representante da família "mesclada" americana moderna.
A sua experiência na equipa de debate da Howard University tem sido um trunfo até hoje. Um exemplo fabuloso foi quando Donald Trump júnior escreveu no Twitter: "Por que razão é @KamalaHarris a única pessoa a rir das suas piadas… sempre demasiado longas e demasiado difíceis?" Ela respondeu: "Você não reconheceria uma piada mesmo que tivesse sido educado por uma".
Começou a sua carreira no Gabinete do Procurador do Condado de Alameda e mais tarde tornou-se procuradora-distrital de São Francisco em 2003, cargo que ocupou até 2011. A sua carreira como procuradora foi a rampa de lançamento da sua carreira política.
Como procuradora-distrital em 2005, Harris lançou a iniciativa "Back on Track" para reduzir a reincidência dos réus condenados por tráfico de drogas pela primeira vez. O programa, conforme relatado pela Marie Claire, dura de 12 a 18 meses e oferece aos participantes um plano de responsabilidade pessoal (PRP).
O PRP consiste em estabelecer metas em relação ao emprego, aos pais e à educação, em vez de cumprir pena de prisão. Ajuda ex-presidiários a reintegrarem-se na sociedade, fechando assim a porta giratória do sistema de justiça criminal.
Em 2010, tornou-se a primeira mulher e a primeira pessoa negra eleita para desempenhar o cargo de procuradora-geral da Califórnia, a principal advogada e autoridade policial no estado mais populoso da América. Quatro anos depois, foi reeleita.
Em 2016, Harris foi eleita para o Senado, tornando-se a primeira pessoa negra a tornar-se senadora da Califórnia e a primeira pessoa sul-asiático-americana a tornar-se senadora no país.
Algumas publicações consideram-na a mais liberal de todos os senadores, outras chamam-na de moderada, e há aquelas que a consideram radical. As pessoas parecem não conseguir definir a sua posição no espectro político.
Como procuradora distrital de São Francisco em 2004, Harris tomou a difícil decisão de não usar a pena de morte para um homem que baleou um polícia. Progressivo, certo? Mas em 2014, como procuradora-geral do Estado, ela defendeu o sistema de pena de morte da Califórnia no tribunal, relata a revista Elle. Harris agora afirma que sempre se opôs à pena de morte.
Em 2015, como procuradora-geral do Estado, Harris foi orgulhosamente parte do motivo pelo qual a Califórnia se tornou a primeira agência estadual a adotar o uso de câmaras corporais nos polícias. O Estado também lançou o primeiro programa de preconceito implícito no país.
Também em 2015, Harris supostamente não apoiou a investigação independente de incidentes letais com forças policiais na Califórnia. Também foi revelado que nem todos os polícias eram obrigados a usar câmaras corporais — apenas os que trabalhavam diretamente sob Harris.
Especialmente em 2020, Harris falou sobre a reforma da polícia, pediu a prisão dos polícias que mataram Breonna Taylor e falou frequentemente sobre a necessidade de desmantelar o racismo sistémico. Mas, ainda assim, a sua postura oscila entre reformar e retirar o financiamento à polícia.
Em 2014, juízes federais ordenaram que todos os autores de crimes não violentos que tivessem cometido apenas dois delitos fossem elegíveis à liberdade condicional depois de cumprirem metade da pena, uma vez que as prisões da Califórnia estavam perigosamente sobrelotadas, relata o LA Times. O Estado, entretanto, argumentou contra esta ordem.
Em 2011, Harris aprovou uma lei que constituía a permissão dos pais de os filhos (até ao oitavo ano) darem mais de 10% de faltas injustificadas um pequeno delito, numa tentativa de combater o absentismo. O tiro saiu-lhe pela culatra, pois culpava os pais por circunstâncias fora do seu controlo, e Harris depois pediu desculpa por isso.
Harris tem um longo historial de trabalho de imigração, desde iniciar um programa de formação profissional em São Francisco para ex-presidiários que permitiu a participação de imigrantes sem documentos até à criação de legislação estadual que protegia os imigrantes da deportação.
Muitos imigrantes e os seus descendentes passam por isto, e Harris vivenciou isso de forma brutal e pública com políticos brancos a fazerem pouco do seu nome durante a sua campanha presidencial. A experiência de Harris gerou uma longa conversa sobre o assunto.
Em 2010, Harris opôs-se ao uso recreativo da marijuana, embora apoiasse a marijuana medicinal. Em 2018, no entanto, ela mudou de tom e começou a apoiar a legalização da marijuana ao nível nacional, coassinando o decreto do senador Corey Booker.
Apesar da sua visão cada vez mais progressista em relação à marijuana, os seus críticos são rápidos a apontar que a sua governação em São Francisco foi responsável por mais de 1900 condenações por posse de marijuana.
Em 2004, como procuradora-distrital de São Francisco, Harris passou o Dia dos Namorados a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. No grupo de candidatos democratas para a eleição de 2020, ela foi a primeira a apoiar a igualdade no casamento, relata a 19th News.
Harris também ajudou a criar uma unidade de crimes de ódio LGBTQ enquanto era procuradora-distrital de São Francisco. Mais tarde, como procuradora-geral da Califórnia, lutou contra a "defesa do pânico", uma estratégia legal na qual o perpetrador pode alegar que a violência ou homicídio anti-LGBTQ foi justificado devido aos supostos avanços sexuais da vítima.
Em 2011, Harris apoiou a igualdade no casamento novamente ao apresentar uma petição ao Tribunal de Recurso dos EUA para revogar a "Proposition 8", a medida de 2008 que proibia o casamento do mesmo sexo.
Em 2015, Harris bloqueou os cuidados médicos de afirmação de género às mulheres transgénero na prisão, para deceção da comunidade LGBTQ. Em 2019, explicou que os documentos legais no seu gabinete costumavam ser redigidos sem a sua consulta e que o seu trabalho a obrigava a defender o Estado. Ela, entretanto, assumiu total responsabilidade.
Harris apoiou um pacote de projetos-lei de 2018 que visava combater o tráfico sexual fechando sites comummente usados por profissionais do sexo, como o Backpage e o Craigslist. Mas muitas trabalhadoras do sexo, especialmente as transgénero, acharam devastador eliminar as ferramentas críticas de triagem que usavam para se manterem seguras.
Harris tem-se mantido firme nas suas crenças sobre o apoio à classe trabalhadora durante a pandemia, controlo mais rígido de armas, sistema de saúde universal, direitos reprodutivos das mulheres, medidas ecológicas, salário igual para as mulheres e muito mais.
"O importante a reter é que assumo total responsabilidade pelo que o meu governo fez", disse Harris em 2019. "Há casos… em que houve pessoas que tomaram uma decisão no meu executivo e não me consultaram e gostaria que elas o tivessem feito. "
É que Kamala Harris não é perfeita, mas representa potencial de mudança.
(BBC) (Marie Claire) (ELLE) (19th News) (Vox)
Veja também: As mulheres que lideram nações
Kamala Harris recentemente fez História como a primeira mulher vice-presidente eleita, bem como a primeira mulher negra e sul-asiático-americana a ser eleita para um dos dois mais altos cargos dos Estados Unidos. Jovens negras e sul-asiáticas podem bem olhar para Harris e sentirem-se entusiasmadas quanto ao futuro, mas embora a representação de minorias seja algo a celebrar, o facto é que Harris é humana e está longe de ser perfeita.
Clique na galeria a seguir para ver alguns dos momentos mais marcantes no seu caminho para ultrapassar inúmeros obstáculos, assim como os seus maiores obstáculos ainda por vir.
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Celebridades Política
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